quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Quando Amélia vai à ONU



  Vocês se lembram da Amélia? Aquela mulher antiquada homenageada em prosa e verso na canção popular composta em parceria por Mário Lago e Ataulfo Alves, lá em 1942? Aquela mesma Amélia que não tinha a menor vaidade, estereótipo da mulher ideal de outrora? Pois bem, Dilma Rousseff mostrou que mulher de verdade não precisa mesmo ter vaidades, mas coragem. Foi a primeira dentre todas as “Amélias” da história a abrir uma Assembléia Geral na ONU e provou para todo mundo que mulher é mesmo ótima em forno, fogão, administração e política.

  E para aqueles que esperavam um discurso “Lulista”, repleto de metáforas desafiadoras indiretamente dirigidas aos reis do capitalismo fracassado de hoje, ou mesmo, aos contraditores da liberdade, como Ahmadinejad e Chávez, por exemplo, se deram mal. Dilma totalmente distanciada de seu antecessor e padrinho político preferiu mostrar a sua própria cara ao mundo, foi menos heróica e mais polida, pontual e técnica.

  Ou seja, se Lula discursava com o RG, Dilma foi mais CNPJ. Sem narcisismos, sem super valorização de egos, discorreu como gerente e não como acionista.

  Quanto às questões mais ásperas como a crise financeira mundial e o ingresso da Palestina na comunidade internacional, Dilma também se saiu bem. Defendeu com maestria maior participação dos emergentes em relação à crise e ainda destacou a falta de governança como um dos principais pilares do atual inferno financeiro. Falou sobre a miséria do desemprego que vem ascendendo principalmente na Europa e nos EUA e divulgou a plenitude empregatícia que o Brasil vem vivendo nos últimos anos. Mas não foi iludida, nem tampouco ilusória, ressaltou que nenhum país, nem mesmo o Brasil está totalmente imune aos efeitos desta crise.

  Sobre esta fala da nossa presidenta eu gostaria de fazer um pequeno aparte: Certamente o Brasil estaria mais bem preparado para o enfrentamento desta crise não fosse o assalto a mão armada que sofremos todos os dias ao comprar um pãozinho na padaria ou qualquer coisa que o valha. Ressuscitar a CPMF com a pretexta falta de verbas para a saúde e espantar os investimentos do capital estrangeiro aumentando a volúpia do vampiro do IPI não são boas alternativas para gerar empregos ou divisas para o país. Mas enfim, tratemos disso em outro momento mais oportuno que, em se tratando de Brasil, certamente não nos faltará.

  Voltando a Assembléia Geral da ONU. Dilma, condenou qualquer forma de regime de opressão, posicionou-se favorável em relação aos movimentos de expressão e libertação que vem ocorrendo no Oriente Médio com a denominação de Primavera Árabe, destacou a convivência pacifica entre o Brasil e suas fronteiras, condenou a manipulação da energia nuclear para fins bélicos e, para corroborar com tudo isso pleiteou um assento permanente no conselho de segurança, posição de maior relevância que um país pode ocupar na ONU. E ainda em relação à Palestina, colocou a posição do governo brasileiro que é de reconhecimento e apoio ao Estado Palestino de direito.

  A presidenta também destacou alguns pontos importantes da economia do país como os quarenta milhões de brasileiros que saíram da linha da miséria absoluta e o surgimento da chamada nova classe média brasileira.

  Detalhe, Dilma foi capaz de surpreender a todos os lideres e representantes diplomáticos dos 194 países presentes na Assembléia sem nem se quer desmanchar o topete, que, aliás, estava impecável.

  É! Quem disse que as “Amélias” modernas não têm vaidade!


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um Pesadelo Americano



  A grama do Tio San não é mais tão verde. Os anos de egocentrismo absoluto parecem estar provando que ninguém, por mais acima do bem e do mal que se julguem, está imune da ignorância que provém da bestialidade humana. Pobre do Barack! Herdou oito anos de arrogância, duas guerras mal fadadas e uma economia aos frangalhos.


  Mas se a situação do presidente Obama não anda das melhores, pode até piorar para o ex-presidente Obama. Sim, pois se o primeiro mandatário negro da história americana não resolver os problemas do mundo, ou pelo menos os problemas do outro mundo que existe dentro do território americano, muito se dirá que a culpa é da raça. Claro, o preconceito sempre falou mais alto que a razão.


  Agora, alguém duvida que durante a campanha presidencial que se aproxima nos EUA, que a mesma quadrilha republicana que aplaudia a coragem burra da politica gangster de Bush irá sair às ruas colando cartazes coloridos propagando a “supremacia” americana?


  Até ai nenhuma novidade, afinal, foi assim que Hitler se apossou da Alemanha. Embutir na mente de qualquer povo conceitos de superioridade sempre será uma estratégia perigosa, porque no final, é inevitável que exista uma parcela ego-nacionalista da população que fatalmente acreditará nisso.


  Mas uma pulga ainda me morde as orelhas. E se o ex-presidente Bill Clinton tivesse resistido aos encantos dos decotes e das saias justas de Monica Lewinsky, será que Bush teria sido eleito? Sim, pois os eleitores “puritanos” americanos não poderiam de forma alguma admitir um “boquetinho” sacana recebido por seu presidente bonitão.


  E o que dizer do “super protetor” do planeta Al Gore, então vice-presidente do governo Clinton, que ao invés de sair em defesa do amigo democrata preferiu se acomodar e não comprar uma briga com os seus futuros eleitores? Coitado! Até ganhou, mas não levou. A (i)moral da história todo mundo já sabe. Contagem polemica de votos, colegiado suspeito e resultado; Bush elegeu-se por dois mandatos. Brincou de war com os impostos dos contribuintes e de quebra fracassou no banco imobiliário. Prejuízo? Apenas alguns trilhões de dólares, ainda não totalmente contabilizados. É! Esse Bush é mesmo ruim de jogo em!


  Mas se tudo realmente começou por conta da pulada de cerca que Clinton deu com a estagiária gostosona, podemos dizer então que também é dos americanos o mérito de terem promovido o boquete mais caro da história.


  Fazer o que? É o peculiar jeitinho americano de sempre serem os melhores em tudo.





domingo, 11 de setembro de 2011

A Todos os WTC da História



  Noticiaram no jornal que Bin Laden está morto. No entanto eu pergunto: Adolf Hitler também está morto? O que dizer então quando um ser humano viola o seu próximo apenas por julgá-lo diferente, ou pior, inferior? Não amigos, Bin Laden, Adolf Hitler, Saddam Hussein, Augusto Pinochet, Mao Tsé-Tung, Mussolini, enfim, nenhum deles está morto. Pois o pior ou o melhor de qualquer homem é a ideologia que nele existe. Mas por sorte também existem Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Oscar Schindler, e por que não dizer, Marias, Joãos, Anas, Josés... A bondade assim como a maldade é inerente ao homem, mas também cabe somente ao homem decidir com que face sairá às ruas. Todos nós sangramos, todos nós sentimos, todos nós choramos, todos nós sorrimos, então porque continuamos ainda a construir tronos? Por favor, não me entendam mal, não falo de hierarquia, eu falo de convivência, de respeito, de humanidade. Digam-me, porque um muçulmano não pode ser irmão de um judeu, não é Deus um único Deus? Ou seria um negro de Angola menos humano que um “ariano” de Berlim? Deuses, cores, posições, raças, ideologias, vivemos erguendo muros para segregar aquilo que por natureza não é passível de segregação.

  A intolerância é um câncer e a humanidade infectou-se dela. Nossos lideres famintos devoram vorazes a carne daqueles que quase carne não tem. Arrotam soberbas e vomitam em nós os nossos próprios restos. O poder torna-se corrosivo nas mãos dos gananciosos, pois estes não detêm o poder, mas são consumidos por ele.

  Por favor, alguém me diga quantas virgens prometidas bastarão para compensar as vidas que se tornaram escombros?

  A criança que corre nua, o homem que afronta o tanque, o jardim no lugar das torres, a medalha no lugar do filho, o terror no lugar da paz. Até quando será assim?

  Porém, noticiaram no jornal que Bin Laden está morto...



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Desconstrução"




 "Desconstruo" o futuro. Crio a partir dele um novo monstro que talvez um dia até me devore. Do meu ventre o feto; deformado, anencéfalo. Eu o escarro para fora de mim antes que ele me devore para dentro dele.
 Sobre as cabeças rachadas sobrevoam os automóveis, pássaros modernos. Tudo se tornou demasiadamente grande, somente eu encolhi.
 Nenhuma poesia existe, não necessitamos mais das palavras. Amigos? Só os imaginários. A solidão tornou-se nossa maior companhia.
 Cego os meus olhos para não ver o presente. Temo o futuro que virá após o futuro.
 Os dias são frios pela falta de calor humano, enquanto os robôs continuam nos processando, colhendo dados, imagens e até mesmo vidas. Eles sugam nossas almas e as transformam em códigos, muitas vezes indecifráveis a nós. Inversão de valores; máquinas cada vez mais humanas controlando homens guiados por controle remoto. Desligam-nos, ligam-nos, fazem beckup de nós.
 Não temos mais nomes, tornamo-nos números. Nosso cérebro encolheu-se ao tamanho de um cartão de memória. Deletam a nossa história sem a menor cerimônia.
 Quem fui outrora? Quem sou agora?
 Navegar é preciso, viver é apenas um detalhe.
 Nossos filhos já nascem cibernéticos, crescem conhecendo o mundo sem conhecerem a si próprio. Fazem amigos de todas as partes do planeta e desconhecem os seus vizinhos de muro.
 Nossos braços se tornaram cabos, abraços com plugues.
 Corremos em círculos em um mundo que gira na velocidade da luz deixando-nos tontos com suas ultra-novidades. O obsoleto foi criado ontem. Comprem o futuro. Este sim é original! Mas seja rápido, pois amanhã ele já estará fora de moda.
 O universo não é mais tão grande. Planejamos conquistar novos planetas, quem sabe não encontramos outro para destruir.
 Cyborgs caminham entre nós. Máquinas com pele de gente. Seguram um copo, constroem outras máquinas, mas não são capazes de amar, não produzem lágrimas ou sentimentos. Isso porque coração é matéria orgânica, não tem engrenagens. Prefiro o quente ao frio.
 Já não existem doenças. Homens múmias se arrastam por todos os lados a procura da morte, pois ignoramos o tempo.
 Contudo, não sou contra o progresso, nem tampouco, contra a ciência. Apenas penso que o homem deva prevalecer como principal invenção.