quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Mais de Nós




  Quantos céus existem acima dos céus?
  E quantos homens vivem no interior de um homem só?
  Nascemos, crescemos, vivemos, morremos...
  Renascemos?
  De certo temos apenas uma vida.
  Porque a desperdiçamos então?
  Brigamos pelo bronze,
  Lutamos pela prata,
  Morremos pelo ouro,
  Só não ligamos para nós.
  Somos herdeiros de Deus.
  E ainda assim achamos pouco
  O que Ele nos deixou como herança.
  Para nós nunca é o bastante.
  O homem precisa de mais,
  Para não se sentir de menos.
  Mas quem sabe um dia “nos bastaremos”,
  Ai sim teremos de tudo...
  Até a nós mesmos.





domingo, 28 de novembro de 2010

Enquanto a Esperança Sobe a Favela.




  Fiz este poema enquanto assistia as forças defensivas brasileiras, finalmente unidas, invadirem uma favela carioca na tentativa de levar a paz àquele povo tão sofrido. A esperança de paz renasceu entre os barracos e vielas de lá e a nós cabe torcer para que esta paz floresça realmente e mais, torcer para que os heróis libertadores de hoje não virem os bandidos opressores de amanhã. Entendam, não falo da farda, esta é gloriosa seja ela qual for, eu falo do homem, pois este nem sempre honra a farda que usa.






  A esperança sobe a favela.
  E o Rio de Novembro respira a promessa de melhores "Janeiros".
  É o Estado "estando"
  Presente.
  Encurralando os ratos que roiam os sustentáculos da liberdade.
  Ruelas, complexos, traficantes, favelas, barracos, polícia, política, povo...
  Tudo se mistura em um único coro.
  Socorro,
  Corro,
  O morro,
  E morro,
  Enquanto a esperança sobe a favela.
  Temo o silencio que sobe com ela.
  Temo não vê-la,
  Temo não tê-la,
  Mas agora a sinto
  Suave, singela.
  Então já valeu a pena
  Viver.
  Enquanto a esperança sobe a favela.





terça-feira, 12 de outubro de 2010

Os Mineiros de Atacama




  Abaixo do solo existe esperança. Abaixo do solo existe coragem. Setecentos metros abaixo de nós trinta e três heróis lutam pela vida. Vida que na superfície parece extinguir-se, suprimida, sufocada.
  Estes heróis serão arrebatados. Trazidos de volta para a luz. Mas cá entre nós, qual dos dois lados está verdadeiramente no escuro?
  O Atacama, assim como o resto do mundo, é frio e desértico. Inóspito como o coração humano. Da tragédia saltam os holofotes, a melhor imagem pode valer um prêmio. É a nova sociedade midiática. Desafie a morte e amanhã a sua história pode virar filme. De onde vem tanta ânsia por desgraças? Tudo é circo e nada tem graça. Olho para o lado e vejo uma mulher chorando. Será mãe ou esposa? Filha? Talvez. Quem se importa?
  Quem será o último a sair? Será que ele baterá algum recorde? Escrever o seu nome em um livro idiota como o último infeliz a sair de um buraco. Quanta honra, quanta mediocridade!
  E quando tudo isso acabar? Quem sabe um avião caia ou, talvez, um novo ataque terrorista aconteça. Estou de estômago embrulhado. Quero vomitar minha humanidade por que ela está podre em minhas entranhas. Estou soterrado em mim, como os mineiros de lá. Mas mesmo há setecentos metros abaixo ainda existe esperança. E quem sabe dentro de minha alma, mesmo que há setecentos metros abaixo a minha esperança também não procure emergir.
  Vale a pena acreditar.





quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Devaneios




 Como é difícil ser dono de si! Ter que governar-se em meio a um mundo sem governos. E assim, vou criando as minhas próprias leis, minhas normas ditatoriais, caprichos tolos de um monarca governante de um só súdito. Meu palácio é tão estreito que por vezes vaga perambulante dentro da minha caixa craniana. Sento em meu trono moldado em lembranças e sinto-me feliz, pois, ali desfruto do meu verdadeiro tesouro. Meu reino não é externo, nem extenso. Tudo isso só é real dentro dos limites do irreal.
 A coroa me pesa sobre a cabeça. Quero tirá-la, jogá-la ao longe, mas não posso, pois, ainda tenho que conduzir o meu exercito de um homem só.
 O rei está nu. Sente-se acuado pelos inimigos que o invadem por todos os lados. Seu único súdito também é o seu único amigo. São as mesmas pessoas, tem os mesmos sonhos e, ainda assim, permanecem bifurcados por um id que os transmuta entre médico e monstro.
 O rei decreta: “É proibido sofrer.”
 O súdito obediente suprimiu-se até que sua alma abandona seu corpo. Alma precisa sentir. Isto é a alma da alma, sem sentimentos ela perde o propósito e vira sombra que não se vê.
 Quantas vezes exilaram-me! E estando fora de mim passei a procurar pela liberdade em outros domínios tão mais distantes do meu. Tudo fora em vão, pois, só pode sentir-se livre aquele que não se distancia da liberdade que já tem.
 Quanta fome já senti! Fala agora o subalterno que reside ainda em mim. Em quantas portas já bati em meu interior do meu interior a procura de um conhecido que, de certo modo, nem sabia se ainda existia.
 Quantas vezes já fui rei, quantas vezes artesão!
 Em quantos acertos errei. E em quantos erros então?
 Mas sei que valeu a pena. Sempre valerá!
 Rei ou plebeu, viver é sempre melhor que tudo.
 Vida é riqueza que todos têm, mas que poucos sabem cuidar.
 Não temo a sorte adiante, pois, o que vem ainda não há.
 Sigo sem olhar para trás.
 O que passou não mais passará.





domingo, 12 de setembro de 2010

Um Pouco de Política.




 Por favor, tirem as crianças da sala! O horário eleitoral gratuito esta no ar. Uma verdadeira gama de mestres do humor negro desfilando seus vastos repertórios de piadas (de mau gosto).
 Instituído em 1965 pelo, então, presidente da republica Humberto de Alencar Castelo Branco, o horário eleitoral gratuito fora criado com o único propósito de servir ao povo brasileiro como fonte de pesquisas e análises de seus candidatos. Mas por favor, caro (E) leitor, não bebam desta fonte, é veneno. Poluiu-se com o tempo e pelos cadáveres pútridos que costumam chafurdar por lá.
 Lá encontramos gente de toda a sorte; palhaços (mas palhaços de verdade com maquiagem e tudo), cantores, pastores, esportistas, prostitutas e, vez ou outra, um político para justificar o verdadeiro propósito da propaganda eleitoral. Eles fazem de tudo, cantam, dançam, contam piadas, evocam a Deus, só não falam de projetos. Mas tente entender o tempo é curto para propostas e, ainda, tem a questão do IBOPE, ou seja, é preciso segurar a audiência.
 É devido que se ponham os pingos nos “is”, para cada coisa existe um espaço. Lugar de calouros é no Raul Gil, lugar de pregação é na igreja e assim por diante. O horário eleitoral gratuito é um espaço do povo e não a casa dos artistas (Reality Show exibido pelo SBT em 2001), por isso, respeitável candidato, não o utilize como um palco de stand up, pois, política é coisa séria. Entretanto, esta não é uma critica aos artistas, esportistas ou qualquer outro profissional que se candidate a cargos públicos, afinal, democracia é isto. Só estou dizendo para não usarem seus personagens como cabos eleitorais ou, pior, como figuras a serem votadas, infelizmente ainda existem pessoas que confundem ficção com realidade. Para estas pessoas eu digo, cuidado! Isto não é um BBB. Não existem anjos e imunidade mesmo só a parlamentar.
 Sabemos que a propaganda eleitoral é “gratuita” (em 2010 ela custará R$ 851 MILHÕES aos contribuintes), mas a programação precisava ser de tão baixa qualidade!





sábado, 11 de setembro de 2010

Uma Manhã de Setembro




 O céu azul tingiu-se de cinza.
 Escureceu a manhã com o negrume da intolerância humana.
 Do sol, nenhuma fresta de luz.
 Nós não merecemos seu brilho.
 As torres do rei não mais arranharão o céu.
 Em seu lugar o vazio,
 Em nossa alma o sombrio.
 Pessoas caminham perdidas.
 Caminho sem curso,
 Corpos sem vidas.
 Nossa carne se funde ao metal.
 Escombros de ouro,
 Dos adoradores de Baal.
 Zumbis estão entre nós.
 Procuram existir,
 Onde a existência jaz.
 Muitos gritos, nenhuma voz.
 Muitos deuses, nenhuma paz.








  11 de setembro de 2001.
  Uma pequena e humilde homenagem às vitimas dos ataques ao World Trade Center.





terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Brasil da Copa.




 No Brasil existem crianças com fome. Mas não importa, nós sediaremos a copa.
 No Brasil também faltam casas populares. E daí? Nós teremos estádios.
 O Brasil têm a maior carga tributária do mundo. Grande coisa nós somos penta.
 O primeiro no ranking da corrupção. Porém, também lideramos na FIFA.
 Nossas crianças saem da escola sem saber ler ou escrever. Não se preocupe, eles fazem gols como ninguém.
 Aqui se mata quase tanto quanto no Iraque. Mas fique tranquilo, teremos torcida.
 Quanto vale um brasileiro?
 Quanto valerá um ingresso?
 Somos a pátria de chuteiras, só não somos patriotas da pátria.
 Pra frente Brasil!





domingo, 5 de setembro de 2010

Possíveis Humanos.




 Eu prefiro pensar que ainda existam pessoas que sabem que o homem vale muito mais do que a roupa que ele veste. Afinal, onde esta a beleza? Em um vaso velho rachado de sol ou na rosa vermelha que em um contraste quase poético é posta sobre ele? Quer saber! Há quem compre o vaso para ganhar a flor e há quem compre a flor para ganhar o vaso. Então tudo é belo, pois a genuína beleza está nos olhos de quem verdadeiramente a conseguem enxergar.
 E quem dera se assim nós aprendêssemos a nos enxergarmos nos olhos uns dos outros como se os nossos olhos fossem um par de espelhos refletindo as nossas vaidades. Talvez, então, entenderíamos que apesar de todas as nossas diferenças ainda assim somos iguais. Frutos da mesma matéria, gerados pela mesma essência. Quem sabe deixaríamos de ser um viveiro de estranhos e como numa metamorfose nos transformaríamos em mais que homens, em humanos.





sábado, 4 de setembro de 2010

O Que Fica...




 João de Deus era o homem mais bem quisto de toda a sua cidade. Dono de uma bondade incomum fora chamado de santo inúmeras vezes ao longo de sua vida. Alguns inclusive chegavam a atribuir a ele a autoria de certos feitos inexplicáveis que vez ou outra aconteciam por lá e, que por não terem explicações lógicas, logo se revertiam em verdadeiros milagres. Mas João de Deus sempre preferia não recolher os louros de sua popular e precoce canonização e se defendia dizendo com uma genuína simplicidade:

 _ Eta gente iludida sô! Que santo que nada povo. Se santo eu fosse "tava" lá no céu de Deus morando com os anjinhos bem perto do Sol.

 O que João de Deus não compreendia era que o povo sempre necessita de um milagre tanto quanto precisa de água, e não importa o santo milagreiro, seja ele carnal, espiritual ou até mesmo de matérias menos nobres como o barro ou argila. Já o que o povo não entendia era que o único milagre que João de Deus sabia realizar e, por isso realizava todos os dias, era o de amar sem trocas ou preconceitos. Acredite amigo leitor não importa quem você seja, João de Deus ama você.

 Mas João de Deus tinha outro milagre, e este realmente se chamava Milagre. Um cachorrinho vira-latas de olhos vivos que sempre cercava seu dono onde quer que este estivesse. Seu nome era Milagre porque fora um presente dado por um amigo curado de uma terrível doença. Mais um "milagre de João de Deus - O Santo do Povo”, como ficou conhecido. Geralmente recusava todos os presentes a ele oferecidos, não queria transformar a sua casa em um santuário de enganações. Mas Milagre, este ele não poderia recusar.

 A amizade compartilhada entre os dois não se baseava em superioridades ou hierarquias, portanto, o que se via não era o domínio do criador sobre a criatura, mas o respeito mutuamente vivenciado de uma vida por outra.

 Fico imaginando o quão bom será quando o ser humano aprender a viver em harmonia com todo o resto que existe em sua volta. O milagre de Deus é a própria vida e o do homem é saber viver... E conviver.

 Mas houve um dia em que João de Deus não afagou a cabeça de Milagre como fazia em todas as manhãs desde que foram apresentados. Na verdade nem se quer levantou da cama. Naquele dia João da Silva, este era o seu nome de batismo, partira para o céu de Deus e finalmente iria morar com os anjinhos bem perto do Sol, como ele mesmo costumava dizer.

 O corpo do “santo” fora velado com honras de estadista, seu ultimo trajeto em cima de um caminhão do corpo de bombeiros e seu cortejo acompanhado por dezenas, talvez centenas de pessoas. E em meio a toda aquela confusão de pés e passos um olhar se destacava... Os olhos tristes de Milagre.

 É irônico dizer, mas o maior milagre de João de Deus acontecera pouco após a sua morte. O último desejo de João era que seus órgãos fossem doados às pessoas e não às formigas.

 E assim se fez.

 Seus olhos foram para uma garotinha que se aproximava dos doze anos sem nunca antes ter se visto no espelho.

 Seus pulmões para um jovem pai de família que ganharia uma nova chance de correr por verdes campos empinando pipas com seus filhos.

 Seus rins foram entregues a uma senhora, seu fígado para um senhor e assim por diante...

 Os meses foram passando e a rotina da cidade aos poucos voltava a sua normalidade bucólica.

 Milagre adoeceu pouco depois da partida de seu melhor amigo. Todos sabiam o motivo da doença, mas qual é o remédio para a cura da saudade?

 Certo dia um homem desconhecido por todos da cidade apareceu por lá. Trajava um terno muito bem alinhado e falava com propriedade e clareza. Certamente não era morador de nenhuma das cidadezinhas vizinhas. Por onde ele passava arrancava olhares curiosos que se seguiam de comentários de variados tipos.

 Todos tentavam descobrir quem era o misterioso visitante. Várias versões foram contadas, de assassino profissional a artista disfarçado. Mas somente um dentre todos os habitantes da cidade sabia intimamente de quem verdadeiramente se tratava a visita.

 Milagre que praticamente jazia no canto da porta de sua antiga casa ao avistar ao longe a presença do homem restabeleceu-se quase que de imediato. Pôs-se a correr com tamanho vigor que nem mesmo os outro caninos mais jovens e saudáveis conseguiram acompanhar.

 O homem tocado pelo carinho do animal retribuía-o com gratos cafunés e abraços nem mesmo se importando com a atual má aparência de Milagre.

 Mais tarde soubemos que aquele homem estava na cidade para uma importante missão. Retribuir de alguma forma o coração que recebera de um certo João de Deus.

 Os verdadeiros amigos sempre se reconhecem!

 Doe vida e viva também.


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Reflexão




  Por vezes penso na imensa estupidez que possuímos de simplesmente ignorar o que hoje temos em abundância. Enquanto a água jorrar das nossas torneiras continuaremos a lavar o chão com mangueiras fazendo jus a todo nosso desperdício. Ou enquanto existir alguém para amar-nos intensamente insistiremos em exercitar o infortúnio da nossa indiferença. Então pergunto: e quando toda essa abundância der lugar a sombra de um vazio, o que vamos fazer? O homem não aprendeu a lidar com a perda, mas só se percebe dela depois de perdido.
  Em nossa cultura aprendemos a impor valor a tudo, mas regateamos aquilo que verdadeiramente nos é caro. Pergunte a um cego sobre a beleza existente em uma simples fresta de luz. Ou a um faminto, pergunte a ele o quão saboroso pode ser algumas migalhas de pão.
  Alguns dizem que o homem é uma ilha, outros afirmam que ele é um imenso oceano. Eu porem digo que um homem é somente um homem. Uma criança imatura brincando com a vida num balanço de madeira envolto a um jardim de grandes e novas descobertas.
  O hoje é o amanhã de ontem. E mais um dia também é menos um dia, então se apresse, não ignore o tempo, porque ele jamais se esquecerá de você. Ame sempre, sinta sempre, viva sempre... Entenda que o futuro é daqui a um segundo e que a vida pode ser tão fugaz que caberia apenas no espaço de um único suspiro.



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eu, Quem?








 São quinze para as quatro da manhã e cá estou. Sentado, sozinho, teclando feito um idiota minhas primeiras postagens deste blog. Tudo isto para mim é novidade, acreditem, nunca me liguei nesses lances de tecnologia, na verdade, eu gosto mesmo é de um bom e velho papel e caneta, mas, enfim, dizem que devemos experimentar um pouco de todas as drogas. Ao menos por enquanto estou curtindo um barato  novo...
 Mas voltando ao nosso assunto, o grande problema da insônia é que durante a madrugada seus pensamentos parecem saltar de sua cabeça. Parece que você está, literalmente, sonhando acordado. Não me entendam mal, não estou "doidão", sou careta demais para drogas ilícitas. O que estou dizendo é que durante uma madrugada sem sono podemos simplesmente conversar com nós mesmos. Diz aí! Há quanto tempo você não bate um bom papo com você mesmo? Você pode até pensar que já ouviu tudo o que tinha pra dizer a seu respeito ou que ninguém te conhece melhor do que você, estes papos, mas eu lhe garanto: Talvez a pessoa que menos te conheça seja você mesmo. Sabe aquela palavra que você disse sem querer ou aquele gesto impensado? Quando você viu já era, merda concluída.
  Daí vem a razão te sacanear:
 _ "Caraca véio"! O que "cê" fez?!
 Então, só nos resta apelar para a nossa progenitora:  
 _ P U T A  Q U E  M E  P A R I U !
  Mas se te serve de relex, pode ficar frio! Nada é tão complexo, afinal, nós somos apenas humanos.