quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Homem Que Pensou Diferente



  Existe limite para a genialidade? Steve Jobs é a resposta. Mordeu a maçã caída de Newton e, a partir dela, colocou o mundo ao alcance da palma da nossa mão.

 Foi aquele garoto da garagem que, desde cedo, brincava de inventor conectando suas engenhosas “bugigangas”.

 Sonhou em mudar o mundo, mas foi além e criou um novo.

 Chamá-lo de gênio seria redundante, então digo: Jobs foi o alquimista que deu movimento ao estático. Abriu a janela do conhecimento e nos presenteou com o futuro.

 Foi o Midas que carregava na ponta dos dedos o toque mitológico de quem tinha vivo o dom da transformação.

 Foi ele quem nos disse: “Pense diferente”. E pensando desta forma nos convidou para o seu banquete de infinitas possibilidades.


 Foi artista, artesão do futuro, moldava o amanhã, pois já o tinha todo planejado no universo infinito que compunha em sua mente.

 Suas magicas tecnológicas ganharam um sobrenome. Uma letra apenas. “I”. “I” de inovador, de inteligente. “I” de iPod, de iPhone, de iPad. "I" de genial, “I” de Steve Jobs.

 E assim, como os seus “brinquedos eletrônicos,” ele também era sensível ao toque. E da mesma forma com a qual abria espaço para o avanço, entendeu que a morte não é necessariamente o fim e, sim, uma janela para o novo.

 O novo que aprendemos a conhecer pelas mãos inovadoras de Steve Jobs.





terça-feira, 4 de outubro de 2011

Censurem os censores



 Se você é mulher e está lendo estas linhas levante as mãos para o céu e agradeça a Deus por viver no Brasil. Um país onde não existem preconceitos, machismos, estupros, agressões domésticas físicas e verbais, sendo que, muitas vezes partidas de maridos bêbados e covardes, enfim, estas coisas que costumam acontecer todos os dias em países atrasados como a Suíça.

 Melhor para a Secretaria de Política para as Mulheres, assim sobra tempo para cuidarem de assuntos mais relevantes como os comerciais de TV que tanto “ameaçam” a virtude das famílias brasileiras, por exemplo.

 A bola da vez é um filme publicitário de uma marca famosa de lingerie protagonizado pela modelo Gisele Bündchen, o qual, segundo a visão da secretaria, é ofensivo, promove conceitos “preconceituosos” de beleza, além de denegrir a imagem da mulher.

 Mas o perigo maior não está na carta emitida pela secretaria e endereçada ao CONAR (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), na tentativa de tirar esta campanha comercial de veiculação. O agravante do problema está em abrir brechas para decisões baseadas em ideais centristas de uma ou duas pessoas representantes deste ou daquele órgão político.

 Ora! Temos hoje uma presidenta mulher e, mais que isso, uma presidenta mulher que sofreu e lutou contra a estupidez arrogante de um período triste da nossa própria história. Portanto ela, melhor que ninguém, sabe que debater é mais produtivo que apenas “bater” e que quando a imposição - “não faça isso.” - é substituída pela proposta -“vamos discutir isso?” - deixa de ser ditadura e torna-se democracia.

 Afinal, toda censura é burra. E qualquer tentativa de cerceamento da livre manifestação de ideias também é uma ameaça a nossa própria liberdade de expressão.

 Mas se a censura é escrota por si só, pior é a censura hipócrita. Nossas novelas, por exemplo, produtos de exportação, vendem o sexo em capítulos e, pior, vale a pena ver de novo às duas horas da tarde. Nossas meninas já seguraram o “tchan”, já dançaram na boquinha da garrafa, já experimentaram o “créu” na velocidade seis e agora querem nos dizer que um comercial de lingerie ofende e expõem a mulher de forma pejorativa?

 E o que dizer das saladas de frutas servidas em bandejas para os gringos famintos que vez ou outra se fartam por aqui? Mulher melancia, mulher morango, mulher maçã, mulher melão, mulher pêra, onde foi parar o espaço dedicado a mulher “mulher”?

 Nossas crianças aprendem a rebolar antes mesmo de andar e nossas jovens não sabem o Hino Nacional, mas entoam todo o repertório ou, - toda a falta de repertório – de todas as bundas cantantes que existem por ai.

 Que me perdoem os moralistas, mas um país que vende mulatas siliconadas como maravilhas turísticas, onde bunda também serve como currículo e onde o tráfico de corpos (muitas vezes de corpos frágeis de brasileirinhas que, ainda crianças, são obrigadas a se tornarem mulheres), ultrapassa todas as nossas fronteiras geográficas e de cuidados, não pode posar agora de paladino virtuoso da moralidade.

 É como diz a canção: “Moro num país tropical, abençoado por Deus...” Nossas mulheres são sem sombra de dúvidas as mais lindas do mundo e nosso povo transpira sensualidade. Portanto, senhoras e senhores representantes da Secretaria de Política para as Mulheres, procurem o que fazer de verdade. Estou certo que se olharem direito acharão algo realmente importante em que se empenhar e deixem que as nossas mulheres sejam o que elas sabem ser de melhor...


  Bonitas por natureza.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Quando Amélia vai à ONU



  Vocês se lembram da Amélia? Aquela mulher antiquada homenageada em prosa e verso na canção popular composta em parceria por Mário Lago e Ataulfo Alves, lá em 1942? Aquela mesma Amélia que não tinha a menor vaidade, estereótipo da mulher ideal de outrora? Pois bem, Dilma Rousseff mostrou que mulher de verdade não precisa mesmo ter vaidades, mas coragem. Foi a primeira dentre todas as “Amélias” da história a abrir uma Assembléia Geral na ONU e provou para todo mundo que mulher é mesmo ótima em forno, fogão, administração e política.

  E para aqueles que esperavam um discurso “Lulista”, repleto de metáforas desafiadoras indiretamente dirigidas aos reis do capitalismo fracassado de hoje, ou mesmo, aos contraditores da liberdade, como Ahmadinejad e Chávez, por exemplo, se deram mal. Dilma totalmente distanciada de seu antecessor e padrinho político preferiu mostrar a sua própria cara ao mundo, foi menos heróica e mais polida, pontual e técnica.

  Ou seja, se Lula discursava com o RG, Dilma foi mais CNPJ. Sem narcisismos, sem super valorização de egos, discorreu como gerente e não como acionista.

  Quanto às questões mais ásperas como a crise financeira mundial e o ingresso da Palestina na comunidade internacional, Dilma também se saiu bem. Defendeu com maestria maior participação dos emergentes em relação à crise e ainda destacou a falta de governança como um dos principais pilares do atual inferno financeiro. Falou sobre a miséria do desemprego que vem ascendendo principalmente na Europa e nos EUA e divulgou a plenitude empregatícia que o Brasil vem vivendo nos últimos anos. Mas não foi iludida, nem tampouco ilusória, ressaltou que nenhum país, nem mesmo o Brasil está totalmente imune aos efeitos desta crise.

  Sobre esta fala da nossa presidenta eu gostaria de fazer um pequeno aparte: Certamente o Brasil estaria mais bem preparado para o enfrentamento desta crise não fosse o assalto a mão armada que sofremos todos os dias ao comprar um pãozinho na padaria ou qualquer coisa que o valha. Ressuscitar a CPMF com a pretexta falta de verbas para a saúde e espantar os investimentos do capital estrangeiro aumentando a volúpia do vampiro do IPI não são boas alternativas para gerar empregos ou divisas para o país. Mas enfim, tratemos disso em outro momento mais oportuno que, em se tratando de Brasil, certamente não nos faltará.

  Voltando a Assembléia Geral da ONU. Dilma, condenou qualquer forma de regime de opressão, posicionou-se favorável em relação aos movimentos de expressão e libertação que vem ocorrendo no Oriente Médio com a denominação de Primavera Árabe, destacou a convivência pacifica entre o Brasil e suas fronteiras, condenou a manipulação da energia nuclear para fins bélicos e, para corroborar com tudo isso pleiteou um assento permanente no conselho de segurança, posição de maior relevância que um país pode ocupar na ONU. E ainda em relação à Palestina, colocou a posição do governo brasileiro que é de reconhecimento e apoio ao Estado Palestino de direito.

  A presidenta também destacou alguns pontos importantes da economia do país como os quarenta milhões de brasileiros que saíram da linha da miséria absoluta e o surgimento da chamada nova classe média brasileira.

  Detalhe, Dilma foi capaz de surpreender a todos os lideres e representantes diplomáticos dos 194 países presentes na Assembléia sem nem se quer desmanchar o topete, que, aliás, estava impecável.

  É! Quem disse que as “Amélias” modernas não têm vaidade!


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um Pesadelo Americano



  A grama do Tio San não é mais tão verde. Os anos de egocentrismo absoluto parecem estar provando que ninguém, por mais acima do bem e do mal que se julguem, está imune da ignorância que provém da bestialidade humana. Pobre do Barack! Herdou oito anos de arrogância, duas guerras mal fadadas e uma economia aos frangalhos.


  Mas se a situação do presidente Obama não anda das melhores, pode até piorar para o ex-presidente Obama. Sim, pois se o primeiro mandatário negro da história americana não resolver os problemas do mundo, ou pelo menos os problemas do outro mundo que existe dentro do território americano, muito se dirá que a culpa é da raça. Claro, o preconceito sempre falou mais alto que a razão.


  Agora, alguém duvida que durante a campanha presidencial que se aproxima nos EUA, que a mesma quadrilha republicana que aplaudia a coragem burra da politica gangster de Bush irá sair às ruas colando cartazes coloridos propagando a “supremacia” americana?


  Até ai nenhuma novidade, afinal, foi assim que Hitler se apossou da Alemanha. Embutir na mente de qualquer povo conceitos de superioridade sempre será uma estratégia perigosa, porque no final, é inevitável que exista uma parcela ego-nacionalista da população que fatalmente acreditará nisso.


  Mas uma pulga ainda me morde as orelhas. E se o ex-presidente Bill Clinton tivesse resistido aos encantos dos decotes e das saias justas de Monica Lewinsky, será que Bush teria sido eleito? Sim, pois os eleitores “puritanos” americanos não poderiam de forma alguma admitir um “boquetinho” sacana recebido por seu presidente bonitão.


  E o que dizer do “super protetor” do planeta Al Gore, então vice-presidente do governo Clinton, que ao invés de sair em defesa do amigo democrata preferiu se acomodar e não comprar uma briga com os seus futuros eleitores? Coitado! Até ganhou, mas não levou. A (i)moral da história todo mundo já sabe. Contagem polemica de votos, colegiado suspeito e resultado; Bush elegeu-se por dois mandatos. Brincou de war com os impostos dos contribuintes e de quebra fracassou no banco imobiliário. Prejuízo? Apenas alguns trilhões de dólares, ainda não totalmente contabilizados. É! Esse Bush é mesmo ruim de jogo em!


  Mas se tudo realmente começou por conta da pulada de cerca que Clinton deu com a estagiária gostosona, podemos dizer então que também é dos americanos o mérito de terem promovido o boquete mais caro da história.


  Fazer o que? É o peculiar jeitinho americano de sempre serem os melhores em tudo.





domingo, 11 de setembro de 2011

A Todos os WTC da História



  Noticiaram no jornal que Bin Laden está morto. No entanto eu pergunto: Adolf Hitler também está morto? O que dizer então quando um ser humano viola o seu próximo apenas por julgá-lo diferente, ou pior, inferior? Não amigos, Bin Laden, Adolf Hitler, Saddam Hussein, Augusto Pinochet, Mao Tsé-Tung, Mussolini, enfim, nenhum deles está morto. Pois o pior ou o melhor de qualquer homem é a ideologia que nele existe. Mas por sorte também existem Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Oscar Schindler, e por que não dizer, Marias, Joãos, Anas, Josés... A bondade assim como a maldade é inerente ao homem, mas também cabe somente ao homem decidir com que face sairá às ruas. Todos nós sangramos, todos nós sentimos, todos nós choramos, todos nós sorrimos, então porque continuamos ainda a construir tronos? Por favor, não me entendam mal, não falo de hierarquia, eu falo de convivência, de respeito, de humanidade. Digam-me, porque um muçulmano não pode ser irmão de um judeu, não é Deus um único Deus? Ou seria um negro de Angola menos humano que um “ariano” de Berlim? Deuses, cores, posições, raças, ideologias, vivemos erguendo muros para segregar aquilo que por natureza não é passível de segregação.

  A intolerância é um câncer e a humanidade infectou-se dela. Nossos lideres famintos devoram vorazes a carne daqueles que quase carne não tem. Arrotam soberbas e vomitam em nós os nossos próprios restos. O poder torna-se corrosivo nas mãos dos gananciosos, pois estes não detêm o poder, mas são consumidos por ele.

  Por favor, alguém me diga quantas virgens prometidas bastarão para compensar as vidas que se tornaram escombros?

  A criança que corre nua, o homem que afronta o tanque, o jardim no lugar das torres, a medalha no lugar do filho, o terror no lugar da paz. Até quando será assim?

  Porém, noticiaram no jornal que Bin Laden está morto...



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"Desconstrução"




 "Desconstruo" o futuro. Crio a partir dele um novo monstro que talvez um dia até me devore. Do meu ventre o feto; deformado, anencéfalo. Eu o escarro para fora de mim antes que ele me devore para dentro dele.
 Sobre as cabeças rachadas sobrevoam os automóveis, pássaros modernos. Tudo se tornou demasiadamente grande, somente eu encolhi.
 Nenhuma poesia existe, não necessitamos mais das palavras. Amigos? Só os imaginários. A solidão tornou-se nossa maior companhia.
 Cego os meus olhos para não ver o presente. Temo o futuro que virá após o futuro.
 Os dias são frios pela falta de calor humano, enquanto os robôs continuam nos processando, colhendo dados, imagens e até mesmo vidas. Eles sugam nossas almas e as transformam em códigos, muitas vezes indecifráveis a nós. Inversão de valores; máquinas cada vez mais humanas controlando homens guiados por controle remoto. Desligam-nos, ligam-nos, fazem beckup de nós.
 Não temos mais nomes, tornamo-nos números. Nosso cérebro encolheu-se ao tamanho de um cartão de memória. Deletam a nossa história sem a menor cerimônia.
 Quem fui outrora? Quem sou agora?
 Navegar é preciso, viver é apenas um detalhe.
 Nossos filhos já nascem cibernéticos, crescem conhecendo o mundo sem conhecerem a si próprio. Fazem amigos de todas as partes do planeta e desconhecem os seus vizinhos de muro.
 Nossos braços se tornaram cabos, abraços com plugues.
 Corremos em círculos em um mundo que gira na velocidade da luz deixando-nos tontos com suas ultra-novidades. O obsoleto foi criado ontem. Comprem o futuro. Este sim é original! Mas seja rápido, pois amanhã ele já estará fora de moda.
 O universo não é mais tão grande. Planejamos conquistar novos planetas, quem sabe não encontramos outro para destruir.
 Cyborgs caminham entre nós. Máquinas com pele de gente. Seguram um copo, constroem outras máquinas, mas não são capazes de amar, não produzem lágrimas ou sentimentos. Isso porque coração é matéria orgânica, não tem engrenagens. Prefiro o quente ao frio.
 Já não existem doenças. Homens múmias se arrastam por todos os lados a procura da morte, pois ignoramos o tempo.
 Contudo, não sou contra o progresso, nem tampouco, contra a ciência. Apenas penso que o homem deva prevalecer como principal invenção.





quarta-feira, 30 de março de 2011

Meu Mundo Melhor



  Por favor, me apresentem um mundo melhor.


  Um mundo onde a natureza seja respeitada e as crianças não sejam violentadas. Onde as mulheres possam ser mulheres longe dos riscos de serem humilhadas. Um lugar onde sonhar não seja proibido e realizar seja dividido entre todos que sonharem.


  Por favor, me apresentem um mundo melhor.


  Onde a esperança arvoreça em cada coração vivente. Onde os homens sejam realmente humanos independentes das diferenças aparentes. Um mundo onde não precisássemos clamar por paz, pois já a teríamos naturalmente.


  Por favor, me apresentem um mundo melhor.


  Onde a tolerância seja maior que as guerras evitando mortes em nome de deuses, ideais ou terras. Onde não houvesse fronteiras separando povos ou pirâmides sociais classificando pessoas dividindo-as entre ricos e pobres. Onde não necessitássemos de grades ou correntes, pois o valor da liberdade nunca mais estaria ausente. Um mundo sem tiros, sem tiranos, sem ditadores para ditarem horrores. Um mundo sem repartições desiguais, onde tudo fosse de todos e todos fossem parte de tudo.


  Um mundo sem muros, sem muralhas intransponíveis, um mundo de acessos, sem excessos. Um mundo sem câmeras escondidas, sem janelas blindadas, onde famílias passeassem pelas ruas e casais namorassem nas calçadas.


  Por favor, façamos este mundo melhor. Porque o mundo não é feito de rocha, mas de gente. Este mundo que idealizo pode existir realmente. Depende apenas de nós: plante uma árvore, ajude um vizinho, afague um carente, visite um asilo, alimente um faminto, doe mais sangue... Ame, ame, ame, simplesmente ame.


  Para fazermos este mundo melhor.





sexta-feira, 25 de março de 2011

Fim de Turno

  Escrevi este conto como forma de protesto por tanta impunidade e injustiça. Aos que lerem peço desculpas, mas não encontrarão nada de novo em suas linhas, ao menos nada que não encontrariam nas folhas de cotidiano de qualquer jornal diário. Infelizmente é assim.








  20 de Abril 2010.




  Sete horas da manhã.


  O sargento Simões chega ao quartel de policia para mais um dia de trabalho. Após as respeitosas continências é cumprimentado de maneira menos protocolada por seus valorosos companheiros de farda.
  Todos estavam felizes, pois, aquele não era mais um dia comum na carreira militar de Antonio Carlos Simões, este era o seu nome de batismo ou, simplesmente Carlão para os familiares e amigos mais próximos. Carlão ou, melhor, sargento Simões estava completando vinte anos de carreira policial. Muito ético em seus atos e conhecedor de cada nuance existente em sua profissão sempre demonstrou-se disposto e honrado em carregar no peito as insígnias de sua tão amada policia militar. Dizem pelos corredores que ele será promovido. Pois bem, ele merece.


  Nove horas da manhã.


  Piquete era mais um desses infelizes de quase dezoito anos que vive arrumando confusão pelas ruas da cidade. Sente-se protegido por lei, não da maneira como deveria ser e, para dizer a verdade o termo certo não seria proteção mas, acobertamento.
  _ Aí senhor! Eu sou “de menor” – Dizia ele a cada vez que era apanhado por qualquer policial que o pegasse aprontando. Fazer o que se os nossos representantes legais insistem em não instituir as leis necessárias para quebrarmos este escudo invisível que impunemente os protege? Mas voltando ao nosso assunto; Piquete era morador da favela dos macacos e durante o último confronto entre traficantes rivais o comando do local havia trocado de mãos. Pior para ele que ficara devendo uma quantia considerável para o novo comandante da bocada. – Apenas um aparte, não soa estranho o fato de nos referirmos a um marginal como comandante de qualquer coisa que seja? – Fato é que Piquete estava agora frente a frente com o diabo tentando negociar a sua divida, ou melhor, negociando a sua vida.


  Piquete correu para os fundos da casa e embaixo de um buraco tapado com uma pedra estava a sua solução: Um revolver trinta e oito e seis cápsulas no tambor.


  Nove horas e trinta minutos da manhã.


  _ Minha patroa está preparando uma pequena festa hoje lá em casa para comemorarmos os meus vinte anos de farda. E quer saber o que é engraçado; ela pensa que eu não sei de nada, era para ser uma festa surpresa. – Comentava o sargento aos risos com o companheiro que dirigia a viatura.
  _ Bem, eu não ia falar nada, mas já que o senhor tocou no assunto, todo mundo no departamento já esta sabendo, aliás fomos todos convidados.
  _ Suzana é uma mulher sensacional! Tive muita sorte de ter me casado com ela. – A emoção invade os olhos de Antonio Carlos Simões - Mas e você, nunca pensou em se casar?
  _ Eu! Não, esse negócio de casamento é muito complicado, prefiro continuar avulso.
  _ Que nada soldado! Quem enfrenta todo o tipo de marginal por esta cidade não há de ter medo de dizer um simples sim perante um padre, não é? – Brincou o sargento.
  _ Não sei não sargento! Pelo menos dos bandidos eu tenho algumas chances de escapar. – E os risos invadiram toda a viatura cessando apenas com um chamado vindo pelo rádio.
  _ Sargento Simões na escuta.
  _ Vocês devem se encaminhar para a Rua do Ouvidor. Temos um assalto à mão armada em andamento. – Dizia o rádio em meio aos chiados.
  _ Ok central, copiamos. – Respondeu o sargento desligando o aparelho. – É hora do show garanhão, vamos ao altar. - E a viatura saiu cantando a melodia urbana com sua sirene estridente.


  Nove horas e trinta e cinco minutos da manhã.


  A primeira ocorrência do dia e tinha que ser justo um assalto à mão armada. O que aconteceram com os gatos presos em árvores? O mundo evoluiu rápido demais, os gatos aprenderam a serem macacos e os homens desaprenderam a serem humanos. É a teoria de Darwin ao contrário. Piquete estava lá. Olhos arregalados e perdidos, suor escorrendo sobre a testa e arma apontada para a fronte de mais um comerciante inocente. Cumpria o seu papel de vilão e, sem mais o que fazer, apenas aguardava a chegada dos mocinhos.


  Nove horas e trinta e sete minutos da manhã.


  A viatura que conduzia o sargento Simões chega ao local. Uma farmácia localizada há poucos metros de uma escola, o que sem sombra de dúvidas era uma situação extremamente favorável para o azar.
  Apontar uma arma para qualquer individuo sem dar a ele nem a mínima chance de defesa é uma das piores covardias que um homem pode cometer.
  _ Bem, vamos ao trabalho! – Exclamou o sargento.


  Sargento Simões era um dos negociadores mais experientes da policia. Já havia contornado dezenas de casos como este evitando com extrema habilidade qualquer uso de força, o que sempre era bom para todos os lados, pois garantia a volta pra casa.


  Nove horas e quarenta e cinco minutos da manhã.


  A conversa entre policia e bandido não estava surtindo os resultados esperados. A tática agora era conversar de Carlão para Piquete, ou, de homem pra homem, como costumamos dizer.
  _ Meu amigo eu estou aqui para te ajudar. Me entregue esta arma e solte estas pessoas, acredite, esta é a melhor coisa que você pode fazer.
  _ E quem me garante que se eu fizer isso eu não vou levar uma azeitona na cara. – Respondeu um assustado Piquete.
  _ Fique tranquilo, ninguém esta aqui pra te esculaxar não. Só queremos que você faça a coisa certa.
  _ Não vem com esse papo pra cima de mim não doutor. Não tem saída, to fodido, sem conversa. Se eu não levo essa grana lá pro morro os cara vão me colocar no micro-ondas.
  A situação era completamente tensa.


  Dez horas, onze horas, meio dia... E a vida parecia parada como se estivesse quebrada.


  Doze horas e onze minutos.


  Piquete interrompe as negociações. Ele se dirige mais para dentro da farmácia quebrando o contato visual que mantinha ate agora com o sargento.


  Doze horas e quatorze minutos.


  Um estrondo. Pássaros que se escondiam em meio às árvores sobrevoam assustados.
  A situação acabara de atingir o seu ápice.


  Doze horas e quinze minutos.


  O sargento invade.


  Trinta segundos depois, outro estrondo que foi se seguindo de outro e mais outro...


  Seis tiros no total.


  22 de Abril 2010.




  Nove horas da manhã.


  Soldados perfilados trajando fardas de honra empunham suas armas e disparam em direção ao chão. O toque do silêncio soa tão triste quanto os nossos corações.


  Mais um herói tombou.


  10 de Setembro de 2010.



  Meu relógio parou.


  Em um barraco simples no morro dos macacos uma casa estava toda iluminada. Juliano dos Santos Silva, mais conhecido como Piquete acabara de completar dezoito anos de idade.


  Ele fez um pedido, soprou as velas e sorriu.




sábado, 19 de março de 2011

Coletivo




  Qual é o coletivo de solidão?
  Espera ai! Solidão não tem coletivo.
  Seria o mesmo que perguntarmos
  Qual é o conteúdo de um vazio?
  Seria o nada?
  A ausência? Talvez...
  "Taí"! Coletivo de ausência
  É solidão.





quarta-feira, 9 de março de 2011

P...




  Povo pelego, penalizado, perseguido, periclitante. "Povinho"! Por que pedem pequenas partículas a poucos poderosos? Por que as pegam? Por que as pagam? Povo por que pecam? Parecem pedir passagens para procurar paraísos perdidos. Pelo que procuram?
  Povos pobres de países provincianos, permanentemente provando pastagens na ponta da pirâmide punitiva. Paupérrimos, privados, postergados. Praticamente primitivos. Pulem páginas... Procurem por paragens, paisagens sem prantos.
  Presidentes, por que punem seus povos? Por que pisam pessoas pequenas pisando passos pesados? Praticamente pés por pedras, pensem! O poder da pena é para poucos. Pena! Porém, precisamos prosseguir, procriemos. Parteiras e partos povoando o planeta produzindo proventos, pois o patrão precisa, preço do progresso. Quem paga o "pato"? Quem põem no prato?
  Pessoas presas a papéis pilhando prateleiras permanentes. Poderes parados, projetos pendentes.
  Precisamos propagar. Precisamos de pílulas para podermos planar. Passar por problemas psicológicos que pregam peças perigosas.
  Passado, presente, por onde passam?
  Parem com promessas de prazeres proibidos. Presidiários perigosos, presídios. Paredes protegidas por policiais pífios, previamente preparados.
  Prédios primorosos, pedestres perturbados parecendo prever por perigos.
  Partidos políticos politicamente perfeitos, porém, patéticos, perdidos.
  Padres, pastores, pregadores pregando palavras pedindo por paz. Paz pouca, perdida procurando pousada. Por que não pousa?
  Passarelas e pontes, palácios primários pernoitando pais e prole. Por que?
  É a pátria sem pernas perante pessoas sem passos.
  Precisamos pensar.





sábado, 15 de janeiro de 2011

Em Cartaz: Vida.




  Vejo a vida como um grande espetáculo. E nós somos os autores deste texto. Se será uma comédia ou uma tragédia depende dos rumos que nós daremos a ela. Também somos os diretores, por isso cada passo deve ser milimetricamente pensado, para que não tropecemos em cena. Somos os protagonistas também, porém cercados por vários outros personagens. Uns meros figurantes que simplesmente passam sem dizer a que veio, outros tão marcantes que por vezes nos confundem quanto à verdadeira importância do nosso papel. Antagonistas existem, isto é fato, mas acreditem, mesmo que por vezes estes "vilões" venham a nos ferir de verdade, ainda assim, valerá a pena termos contracenado. Imagine uma peça sem conflito, que graça teria? Aprenderíamos o que? O importante no final de tudo é ter dado o seu melhor para que no cair do pano você possa ser verdadeiramente digno dos aplausos. Mas não demore, não perca tempo com ensaios, estreie. Seja seu publico, seja seu critico, seja você o espetáculo. E antes que eu me esqueça, MEEEEEEEEEEEEEEEEERDA!