Amigos
é sério! Eu estou com muita pena dos pobres congressistas do Brasil. Justo eles,
tão acostumados às comissões e “acordões” milionários que apenas complementavam
as suas miseráveis rendas. Eu apelo para as vossas consciências, pensem bem! O que aqueles coitados vão fazer agora tendo que sobreviver com os
caraminguás que nós, patrões desalmados, pagamos a eles?
E
se a proposta de reforma política prosseguir, pior, e se for aprovada. Deus nos livre! Quem garantirá o caviar de cada dia? Nós do povo somos mesmo sem coração. Porque tivemos
de sair às ruas fazendo protestos, levantando bandeiras, com o único intuito de prejudicar aqueles que
tanto se sacrificam por nós? Ingratidão. Só pode ser isto.
Logo
agora que estava tudo indo tão bem. Viram só! Por nossa culpa eles tiveram que
engavetar a PEC 37. Bem feito para nós. Se não fossemos tão revoltados a emenda
constitucional trinta e sete seria aprovada e, assim, ficaríamos livres do
Ministério Publico, que tanto atrapalha o progresso nacional.
Francamente!
Transformar a corrupção em crime hediondo é no mínimo uma puta sacanagem para
com os nossos políticos, sempre tão ilibados, probos e bem intencionados,
afinal, quem foi que disse que existe corrupção no Brasil?! Nós é que não
sabemos interpretar direito. Dinheiro na cueca? Que nada! Aquilo era apenas uma
medida de proteção contra os ladrões. Dizem que existem muitos deles fora das
paredes do Congresso.
Quer
saber! Nós somos muito injustos. Se eu fosse político no Brasil nunca mais me
candidataria. Procuraria uma profissão que trabalhasse menos e que fosse melhor remunerada.
O
discurso da presidenta Dilma Rousseff, como não poderia deixar de ser, agradou
a base governista, não comoveu a oposição e ainda deixou uma duvida pairando no
ar: será que calará o povo revolto nas ruas? Eu particularmente creio que não.
E, por favor, não me tomem por reacionário, muito pelo contrário,
apenas creio que o povo esteja cansado de tantas falácias.
Dilma
enxergou os manifestos das ruas como sendo representantes da força da nossa
democracia. Eu concordo com a presidenta, mas vou além, isso não representa
apenas a força da nossa democracia, mas o ressurgimento da nossa brasilidade.
Afinal, para que de fato a democracia possa acontecer é necessário que também
exista o direito e, principalmente, o desejo de reivindicar.
A
presidenta utilizou quase cinco dos dez minutos da sua aparição para pedir
ordem nos protestos, o que obviamente se louva, afinal, democracia sem ordem
vira orgia popular. Mas um dos pontos mais relevantes do discurso foi quando a
líder do país alçou convocar a classe política para uma reflexão em torno da
melhoria dos serviços públicos, onde foram destacados três pontos nevrálgicos a
serem trabalhados:
1º) A implantação de um programa de mobilidade publica
nacional: vale lembrar que já fazia parte de uma promessa de campanha da
nossa presidenta um programa tal como este, e mais, sua implantação tinha a
previsão para antes da Copa das Confederações. Neste tempo tomo como referencia
uma noticia divulgada no site G1 do dia 18/07/2012. A reportagem em questão
dava conta de que o Governo Federal, naquela ocasião, havia liberado sete
bilhões de reais para o chamado PAC da Mobilidade, medida que contemplaria
setenta e cinco municípios e dezoito estados da federação. Então pergunto: e o
dinheiro? Também respondo: ninguém sabe ninguém viu. Deve ter virado fumaça de
carburador;
2º) A destinação de cem por cento dos royalties do petróleo para
a educação: esta sim seria uma medida de extrema importância para a
educação do país. Entretanto, não basta ter apenas dinheiro, mas também uma
gestão proba dos recursos aplicados. Tirar os royalties do petróleo e
investi-lo na educação sem uma fiscalização rigorosa seria o mesmo de tirar
dinheiro das mãos da máfia petrolífera e repassá-lo para a máfia das escolas,
ou seja, é a velha politicagem do “tudo de novo e nada de novo”;
3º) A
importação de médicos estrangeiros para atuarem no SUS (Sistema Único de
Saúde): Ora, que me perdoe a presidenta. O maior problema do nosso sistema
público de saúde não é a nacionalidade dos médicos que nele atendem, ao
contrário, se o país tem este recurso para custear uma mão de obra tão cara do
estrangeiro, não seria mais proveitoso utilizá-la para valorizar e melhor
remunerar os médicos daqui? Talvez até sobrasse alguns vinténs para aprimorar o
atendimento e reestruturar os alicerces deste sistema, hoje tão precário e
desumano.
E
por fim, o circo, ou melhor, a Copa. Dilma Rousseff após uma dissertação à
cerca da sua severidade contra a corrupção alegou que jamais aprovaria qualquer
desvio de moeda pública para a construção de arenas. Disse ainda que todo o
recurso federal para este fim é matéria de financiamento que, segundo suas palavras,
serão devidamente restituídos à nação. Agora sejamos maldosos, porém justos: É
rigorosamente incompatível falar de combate à corrupção e Copa do Mundo no
Brasil na mesma frase. Haja vista que em 2007 quando o país ganhou o direito de
sediar o evento, a previsão de investimentos era de vinte e três bilhões de
reais e hoje, faltando ainda pouco menos de um ano para o inicio da competição
os gastos já somam o absurdo de 28 bilhões de reais. E alguém ai viu alguma
melhoria em aeroportos, mobilidade publica, educação, ou em qualquer outro
setor realmente relevante para a população? Agora, se o valor empregado nos
estádios será realmente devolvido aos nossos cofres somente o tempo dirá. E
podem aguardar governantes e aproveitadores de plantão, pois o tempo nunca se
cala.
Quanto
aos manifestos que dominaram as ruas do país, Dilma prometeu abrir um debate
amplo e democrático com todas as lideranças do movimento a fim de ouvir e, na
medida do possível, atender aos anseios mais latentes da população. Fato raro,
poucas vezes visto antes em terras tupiniquins e que, portanto, não deve em
hipótese alguma ser esquecido pela historia.
Eu,
brasileiro, tenho hoje trinta e três anos de idade. Vi com olhos de menino que,
ainda inocente, não entendia direito o significado daquela multidão que em mil
novecentos e noventa e dois derrubava um presidente. Após este episódio veio o
marasmo. Parece que o Brasil parou no tempo e a juventude Malhação, da qual também
fiz parte, silenciou-se, não sei se por revolta ou por pura alienação política,
o fato é que passamos por duas décadas onde aparentemente ninguém tinha nada a
dizer.
E
hoje cá estou. Homem feito e consciente, feliz em ser um pequeno sussurro em
meio às milhares de vozes que com todo o sentido do saber bradam por um Brasil
melhor.
As catracas giratórias dos transportes públicos de São
Paulo me remetem às roletas dos cassinos. Elas giram, giram, giram... E no
final a banca sempre ganha.
É bom não nos iludirmos. Como vimos, todos os Estados que
promulgaram o aumento da passagem recuaram e reduziram o valor da tarifa
passando-as ao valor inicial adotado antes do aumento, mas o real dos fatos é: NÃO
EXISTE ESTE NEGÓCIO DE “ANTES DO AUMENTO”. Sim, nós -o povo- de algum modo
ainda vamos pagar esta conta. Ou vocês realmente acreditam que a máfia dos
transportes iria aceitar esta redução assim tão pacificamente?
O diabo é mais feio do que se pinta. Afinal, quem vocês
pensam que financia as campanhas políticas dos partidos nos períodos de
eleição? Nossos governantes são produtos tangíveis do sistema. Esta é a verdade
indiscutível. E quando eu digo “do sistema” entendam: empresas de transporte,
especuladores financeiros, setores corrompidos da imprensa, entre outras
quadrilhas de diferentes áreas. Mas e o povo? - Você pergunta. Bem, o povo que
se lasque. “Dê a eles circo e eles se dão por satisfeitos”, parafraseando Nero,
imperador romano em um período em que o Brasil nem se quer existia.
Então aos “Neros” de hoje fica a dica: rasguem as lonas
dos seus circos, pois o povo entrou em cena e agora somos parte do espetáculo.
Pobre. Miserável. Execrável. Deprimente. Como descrever as cenas de vandalismos vistas hoje no centro de São Paulo?
Bandidos travestidos de manifestantes usaram como pretexto um movimento patriótico, que pode mudar a história recente de um país cansado de tantos arroubos, para saquear e barbarizar estabelecimentos e pessoas de bem.
Querem saber de uma verdade. Vocês não passam de débeis mentais empunhando latinhas de sprays. Não são homens pra bradar como fazem os homens de verdade e por isso picham prédios públicos com pensamentos inúteis que só servem para emporcalhar ainda mais a nossa legitimidade.
Malditos ladrões, sanguessugas, aproveitadores e covardes! Sua pequenez de caráter enoja e envergonha o Brasil. É contra gentinha como vocês que os reais nacionalistas dignos de cidadania tomaram as ruas. Mas deixe estar! Vocês não representam a maioria. São poucos, burros e fracassados. Porque não se espelham na coragem daquela multidão que se levantou e hoje marcha no sentido contrario a este de vias tortas pelo qual vocês se arrastam? Esta sim formada por uma grande maioria de brasileiros de verdade. Gente de brio que movimenta pacificamente o futuro. A estes chamamos filhos da pátria. E quanto a vocês... Bem, esqueçam! Prefiro não dar IBOPE para um bando de filhos da puta.
“Extra! Extra! O Brasil tem
voz novamente!” Eis ai um titulo oportuno para estampar os jornais de amanhã, dia
seguinte a esta antológica segunda feira de dezessete de Junho de dois mil e
treze.
Peço licença ao gênio. Rui
Barbosa, polímata nacional que, além de escritor, também foi político e
jurista. É dele a frase: “O Brasil não é um. Somos todos.” E partindo desta premissa
filosófica digo que há muito não via o nosso país tão brasileiro como nesta
semana e principalmente como no dia de hoje.
Protestos e manifestações
tomaram conta de nossas ruas. Parecia final de copa do mundo, mas com tanto
superfaturamento e corrupção no país do futebol não teríamos motivos para
tamanha euforia neste campo – com o perdão do trocadilho.
Hoje, assim como há pouco tempo
atrás, também tivemos “bomba e Brigite Bardot”, como cantou Caetano contra um
ditatorialismo "semifascista" que outrora arrendou o Brasil. E em meio a
explosões, coquetéis molotov, balas de borracha, entre outros armamentos de
guerrilha, também sediamos a Copa das Confederações provando ao mundo que o
pais da desigualdade social é também o país das contradições absurdas.
Em Brasília tentamos invadir
o congresso, mas como sabemos a esfinge de Niemayer há muito já foi invadida, -
contraditório, mas, - democraticamente invadida. E são eles, os donos de lá,
que em uma manobra torpe e rasteira tentam por entre os panos aprovar a PEC 37
tirando do MP o poder de investigar como se deve. - Exterminem os gatos e
deixem que os ratos façam a festa! - Então eu pergunto: quantos dos cem ou
duzentos mil que saíram às ruas conhecem o verdadeiro teor oculto nas entrelinhas
maliciosas da PEC 37?
Se informar é preciso,
fiscalizar é um dever (de todos).
O povo sempre foi massa de
manobra, isto é uma verdade incontestável. Seja de alguns setores vendidos da
imprensa podre ou por afiliações políticas subsidiadas pelo governo com o nosso
dinheiro. O Robin Hood do capitalismo é mau. Rouba dos pobres deixando-os
apenas as migalhas e delas ainda cobram os impostos. E neste avesso do avesso cansamos de assistir os
criadores de falsas opiniões arrastando a massa de anencéfalos da população mal
instruída a uma terra prometida que só é real na esperança dos desesperados.
É como disse o poeta: “...caminhando
e cantando e seguindo a canção...”
E quer saber, com o aumento
da passagem e a qualidade dos transportes, o melhor é ir caminhando mesmo.
Então eu sigo...
“... Caminhando e cantando e
seguindo a canção...”.